02
jun

Cuidados da saúde mental - Covid-19


Prevenir é um ato de amor com você e com todos que te amam. Vivemos uma intensa batalha contra o coronavírus nesses últimos meses, e as consequências emocionais e psicológicas devem ser vistas com responsabilidade e compromisso.

O instinto de sobrevivência é o conjunto de comportamentos e reações fisiológicas mais primitivo da espécie humana, em uma reação de “luta ou fuga” o organismo se prepara para enfrentar o perigo de uma grave ameaça à vida, colocando todos os seus esforços na autopreservação.

Lidar com o medo e a incerteza nos causa angústia, porém na medida que o medo se torna um aliado nas possíveis ações preventivas e nos leva a reflexão sobre a realidade atual, contribui para o manejo adequado de um cenário inusual.

O isolamento social, a separação dos entes queridos, a perda de liberdade e rotina, os riscos de contaminação, as possibilidades de perdas afetivas e financeiras podem, ocasionalmente, criar efeitos importantes em termos físicos, materiais e emocionais: estudos mostram que indivíduos que passaram por situações de desastres podem apresentar sintomas de estresse em diferentes graus, mesmo após o fim da situação em questão. Em alguns casos, pode ocorrer Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).

O TEPT é caracterizado pelo surgimento de sintomas após a exposição a um ou mais eventos traumáticos, podendo sua apresentação clínica variar de acordo com o indivíduo afetado.

Pode haver manifestações como pesadelos e/ou lembranças involuntárias e angustiantes relacionadas ao evento, flashbacks/rememorações do trauma, sofrimento e/ou reações fisiológicas intensas frente à exposição a quaisquer sinais que simbolizem ou que lembrem o evento traumático. Ademais, frequentemente ocorre evitação de situações, pessoas e lembranças que de alguma forma se associem ao evento em questão. Após o evento, podem ocorrer alterações no humor e na cognição do indivíduo afetado, como medo, pavor, raiva, desinteresse em atividades — incluindo trabalho —, incapacidade de sentir emoções positivas, dificuldade de concentração, hipervigilância e surtos de raiva. Também são comuns alterações no padrão de sono.

A tendência frente à uma pandemia é que, em algum momento, os casos deixem de surgir e na medida do possível, a vida se normalize. Contudo, após o combate contra este inimigo invisível chamado coronavírus, como será que a população vai sair desta situação do ponto de vista emocional? Seja durante ou pós-pandemia, temos que estar alertas para os sinais e sintomas.

O homem, vítima, pela sua constante condição de vulnerabilidade, neste contexto atual, busca caminhos que levam a reconstrução e recuperação, a capacidade de se adaptar a esta outra e nova realidade pós-traumática, ou resiliência, é um dos principais aspectos a ser considerado no que tange aos cenários de desastres. O otimismo realista é capaz de nos manter vivos em batalha, enfrentar a realidade e refletir sobre ela sem perder a fé, nos faz seres mais equilibrados emocionalmente e resilientes.

Ações preventivas como manter contato com familiares, rede de amigos e conhecidos através da proximidade digital com e-mails, redes sociais, telefone, teleconferências etc., manter uma rotina e criar novas, se necessário. Durante e após esse período de estresse, esteja atento a seus sentimentos e demandas internas. Envolva-se com atividades saudáveis e aproveite para relaxar. O exercício constante, o sono regular e uma dieta balanceada ajudam. 

Os profissionais de saúde em todos os países estão atuando para que os mais afetados pela pandemia recebam assistência e cuidados. Uma enxurrada constante de notícias sobre o surto pode levar qualquer um à ansiedade e ao estresse. Siga as notícias confiáveis e evite boatos e “fake news” que vão somente causar mais desconforto e dissabor. 

Cuidar de você e dos seus familiares é de suma importância neste momento! Como sociedade podemos praticar os fundamentos da saúde pública e da ciência da prevenção.

Referências Bibliográficas

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.

BRESLAU, N. Epidemiologic studies of trauma, posttraumatic stress disorder, and other psychiatric disorders. Canadian Journal of Psychiatry, 47, p. 923-292, 2002.

DUAN, Li; ZHU, Gang. Psychological interventions for people affected by the COVID-19 epidemic. The Lancet Psychiatry, v. 7, n. 4, p. 300-302, 2020.

Autora: 

Margarete de Cássia do Amaral Neves

Psicóloga – CRP 06/154644

http://lattes.cnpq.br/2950975281331726

  • Psicóloga Clínica Cauchioli 
  • Psicóloga Grinlima Psicologia 
  • Egressa do Programa de Intervenção do Núcleo de Apoio à Saúde Mental do Universitário – NASMU da Universidade Nove de Julho 
  • Egressa do Programa Oficina de Habilidades Sociais para Alunos do Curso de Psicologia da Universidade Nove de Julho 
  • Pesquisadora do Grupo de Iniciação Científica do Núcleo de Investigações Clínicas Educacionais (NICE) do Curso de Psicologia da Universidade Nove de Julho 
  • Certificação em Coaching Cognitivo do ITC – Instituto de Terapia Cognitiva 
  • Membro do Programa Encorajando Pais: práticas Clínicas para atendimento parental.