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Eu sempre alerto aos pais de crianças autistas, aflitos porque sua criança não é verbal, que essa não deveria ser nossa maior preocupação. Uso como exemplo indivíduos surdos/mudos, que talvez nunca se apropriem da linguagem verbal, e ainda assim serão capazes de comunicar-se e desenvolver relação social. Isso porque tem intenção comunicativa, deseja relacionar-se com o outro, e de alguma maneira comunicar-se, e por isso desenvolvem mecanismos de comunicação não verbal.
A dificuldade comunicativa do autismo vai muito além da comunicação verbal, elas se apresentam nas dificuldades de expressar seus desejos, opiniões ou necessidades, de forma espontânea e funcional.
Quando falamos do TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), nosso trabalho como terapeutas, para favorecer a comunicação e consequentemente a relação social, é despertar nesse indivíduo o interesse em relacionar-se, ajudá-lo a descobrir a função comunicativa, e enfim auxiliá-lo a comunicar-se, seja apontando, usando as PECS (sistema de troca de figuras) ou até mesmo através da linguagem verbal.
“Mas como posso ajudar meu filho nessa fase?”
Sabemos que não existe uma “receita” pronta para essa pergunta, mas algumas dicas podem ajudar.
Use os interesses de seu filho para iniciar uma interação. Todos nós gostamos de conversar sobre assuntos que nos interessam, a criança TEA não é diferente. Normalmente as crianças com diagnóstico de autismo costumam ter objetos de interesse bem específicos e muitas vezes optam por brincar sempre com os mesmos brinquedos ou assistem sempre aos mesmos desenhos e filmes. Vamos imaginar que seu filho se identifique com um personagem, por exemplo, o vagão de trem Thomas, do desenho “Thomas e seus amigos”. Sente próximo a ele com esse personagem em mãos, comece brincando com o vagão, deixe que ele se aproxime, faça os sons do trem, mostre como pode ser divertido brincar com você.
Mas não se esqueça: é preciso paciência e persistência, nem sempre da primeira vez você terá o sucesso desejado.
Dessa mesma forma trabalhamos nas terapias, desenvolvemos programas específicos para cada paciente e partimos sempre do objeto de interesse da criança, para obtermos uma resposta positiva e muito mais rápida.
Existe uma razão para cada autista adotar um interesse específico. Se descobrirmos essa razão, seremos capazes de encontrar nossas crianças, despertarmos seus talentos e nos aproximarmos delas.
Créditos: Dra. Ingrid Scotti Cardoso | Psicóloga | CRP 06/133031